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quinta-feira, 24 de maio de 2007


Se no meu local de trabalho, proferisse impropérios relativamente a alguém que fosse meu superior hierárquico perante outro alguém que tivesse competência disciplinar sobre mim, arriscar-me-ia a ser, no mínimo, admoestado.
Se, numa empresa ou delegação, da qual ou pela qual eu fosse responsável, me chegasse aos ouvidos que determinado funcionário manifestou de forma depreciativa e com recurso a palavras ofensivas a sua opinião relativamente a um superior hierárquico seu, teria que ter uma conversa com tal indivíduo para esclarecer o que realmente se passou e, em função da gravidade dos factos, teria que tomar alguma atitude relativamente a tal comportamento.
Posto isto, não percebo o porquê de tanta indignação pelo facto de um funcionário público ter sido alvo de uma sanção disciplinar por parte de um superior seu, investido de competência para o fazer, sem ter que requerer autorização para tal.
Aliás, o caso não é único porque, se bem se lembram, nos idos de 1993, a propósito de uma anedota contada pelo então ministro do Ambiente de Cavaco Silva, Engº Carlos Borrego, acerca da obtenção de alumínio através da reciclagem de alentejanos vítimas do excesso daquele metal no processo de hemodiálise a que estavam a ser submetidos no Hospital de Évora e que casou a morte a 8 utentes daquele estabelecimento hospitalar, que teve como resultado a demissão do autor de tão mórbida piada.
Comparativamente, estamos perante uma situação comum, embora esta última tenha atingido contornos bem mais gravosos do que a que aconteceu com o docente da Escola Carolina Michäelis, no Porto no dia 22 de Abril último. De qualquer maneira, e partindo do princípio que todos os funcionários, públicos ou privados, estão obrigados a respeitar as normas cujo conteúdo não podem alegar desconhecer, devem, antes de dizer aquilo que lhes apetece, ter a preocupação de pensar se não vale mais ficar calado.