Talvez influenciado pelo enorme acontecimento religioso que marcou este fim-de-semana, pensei em alguma coisa ou em algum sítio que existisse em Penacova ou no seu concelho, que também estivesse ligado ao lado espiritual do ser humano. Um local eleito por ele para acorrer em caso de aflição e onde, por sugestão ou não, conseguisse obter a necessária tranquilidade. Tentei pesquisar em locais onde habitualmente se abordam esses temas, procurei junto de pessoas mais velhas sobre se, por estas bandas, conheciam algum local considerado santo.
Alguns mandavam-me para ali, outros para acolá e alguns para acoli, até que consegui, em função das várias informações recolhidas, encontrar um lugar considerado santo e, calcule-se, bem perto de nós. Desloquei-me à localidade de Chelo, sita na freguesia de Lorvão, concelho de Penacova.
Entrei naquele simpático lugar e, após uma ou duas abordagens, não foi difícil encontrar a estrada que me levasse àquele refrescante retiro. Logo ali, uma placa de visíveis dimensões indicava a que distância se situava tal “monumento” e o ano da edificação do mesmo que remonta, imagine-se, a 1113, antes portanto da fundação do nosso país.
No local, deparei-me com um espaço bastante asseado e bem cuidado, com vários bancos e agradáveis sombras e, finalmente, com a fonte a que todos chamam "santa". Um pouco folclórico talvez mas, a julgar pelos arquitectos, não me foi estranha toda aquela quantidade de dedicatórias, pouco harmoniosamente fixadas, mas todas sem excepção, agradecendo as preces ouvidas, pois o povo vê as coisas com outros olhos e não precisa de grandes investimentos para agradecer a cura que a esperança lhe retornou.
Já saciado da sede e da curiosidade, decidi retomar o caminho que me levou até ali, mas não sem me fazer acompanhar por um garrafão com 5 litros da água que tornou santo aquele lugar, o qual me foi insistentemente oferecido por uma habitual peregrina daquele local. O que ela cura não sei, mas continua lá em casa tal como me foi entregue por aquela amável senhora, quem sabe à espera de uma grande indisposição para assim eu ficar convencido, ou não, da verdadeira qualidade daquele tão apreciado líquido.