Todos os dias 13 de Maio, em Fátima, cidade pertencente ao concelho de Ourém e ao distrito de Santarém, se assiste a uma das maiores concentrações mundiais de fiéis da Igreja Católica.
A par da indiscutível fé que têm aqueles que se sacrificam em nome daquilo em que acreditam, outros existem que fielmente acreditam no lucro que tal romaria lhes traz. Vibram, não com o barulho das preces, mas com o ininterrupto registar da máquina que emite o recibo, com o entra e sai dos fiéis devotos em busca do bonequinho ou do frasquinho de água benta com o rótulo do já falecido João, porque ainda existem muitos em stock e não se podem desperdiçar e também, porque neste dia tudo se vende e não vale a pena trocar.
Os restaurantes, à pinha, vão dando “conta do recado” como podem porque, tirando aqueles que já vêm prevenidos, muitos outros há que nada trazem além da carteira.
No interior do recinto respira-se tranquilidade, apenas se vendo os peregrinos com as suas dores e com as suas velas a dirigirem-se a um queimador gigante que emana um fumo negro, sinónimo de que estão a ser derretidas e, digo eu, conduzidas para moldes de onde vão sair novas velas, prontinhas a serem vendidas e novamente derretidas. É o milagre da reciclagem e a prova que, na natureza nada se perde, tudo se transforma.
Depois vem a já célebre procissão, momento alto de toda a concentração, tendo como fundo as milhares de cintilantes chamas que cada um dos assistentes faz questão de exibir. Sim porque como em qualquer espectáculo, a iluminação é fundamental para dignificar o evento pois, luz é vida, sabedoria e claridade.
Os sacerdotes vestem a indumentária adequada ao momento, o som das preces ouve-se em todo o recinto à custa de um não menos adequado sistema de som e, em uníssono, todos os presentes entoam os cânticos criteriosamente adaptados à cerimónia.
Os sacerdotes vestem a indumentária adequada ao momento, o som das preces ouve-se em todo o recinto à custa de um não menos adequado sistema de som e, em uníssono, todos os presentes entoam os cânticos criteriosamente adaptados à cerimónia.
Cá fora, não muito longe dali, continuam, indiferentes, de mão estendida e de nariz sujo, os “ciganitos” a vender o velhinho penso rápido, não vá algum fiel mais incauto ferir-se na execução de uma qualquer manobra promissória para agradar ao altíssimo.