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sábado, 31 de março de 2007

PATRIMÓNIO REVISITADO III


Desta vez, desloquei-me a Carvalho, localidade do concelho de Penacova, para apreciar até que ponto as obras levadas a cabo pelos actuais proprietários do “Solar dos Carvalhos”, tiveram em atenção a traça original do edifício que outrora pertenceu aos ascendentes dos condes de Oeiras e marqueses de Pombal.
No local, coloquei-me na pele de um qualquer turista à procura de indícios ou referências que associassem tal imóvel a tão notáveis figuras da nossa história que, segundo Varela Pécurto, no seu livro sobre o concelho de Penacova, deram às praças portuguesas de África diversos capitães, com destaque para Álvaro de Carvalho, capitão–mor de Mazagão no cerco de 1592.
O restauro, ou melhor, a reconstrução de tal edifício foi, segundo disse a sua actual proprietária, da sua única e exclusiva responsabilidade, tendo apenas sido advertida por um técnico da nossa autarquia, que não poderia remover as pedras que identificavam a antiga relação daquela casa com o Marquês de Pombal."Sim senhor", respondeu ela, "que não retiraria as pedras do lugar onde se encontram e nem danificava os brasões que nelas estão gravados, nem que a isso fosse obrigada".
Bom, posto isto, imaginei que iria encontrar uma indicação que fizesse referência a tão nobre passagem por aquela localidade, qualquer placa que informasse os menos esclarecidos, que ali se fez história e que aquela povoação, com foral manuelino de 8 de Junho de 1514, tinha um património importantíssimo para o nosso concelho, ou até, quem sabe, uma informação que, aquela reconstrução teve o acompanhamento e a aprovação do
I.P.P.A.R. ou até mesmo da D.G.E.M.N.
Pois enganei-me redondamente acerca da possível existência de tão preciosa indicação, concluindo com isso que, mais uma vez, parte do nosso riquíssimo património, caiu no esquecimento e que aqueles que, por obrigação e orgulho, o deviam preservar, dando-o a conhecer aos que nos visitam e aos que cá vivem, apenas contribuem para o seu anonimato.
Ao menos que a preocupação da autarquia, ficasse manifestada com uma simples referência de que, aquele edifício se encontra a aguardar classificação, como “imóvel de valor concelhio”, desde 1999.
Já se poderia considerar uma intervenção....