Por interesse e, confesso, um pouco de curiosidade, desloquei-me ao Casal de Santo Amaro, em Penacova, a fim de observar os Fornos da Cal que, há bem pouco tempo, foram alvo de uma intervenção recuperadora que, em minha opinião, foi bem sucedida, tendo em conta o meu parco conhecimento acerca dos assuntos da restauração do património. Tudo muito bem até aqui, uma vez que estava perante um conjunto considerável de infra-estruturas que, na sua época, significavam o ganha-pão para muitas famílias daquela localidade e não só, porque, naquele tempo, tudo se fazia à custa da força dos braços e, a bem dizer, todos eram poucos para tamanha empresa.Só que, ao olhar para um dos lados, e para espanto meu, reparei que, mesmo ali ao pé, se encontrava uma outra atracção, só que, desta feita, pela negativa. A poucos metros do local, alguém pouco sensibilizado para estas coisas do património, autorizado ou não, por outros ainda menos sensibilizados, achou ideal aquele amplo espaço, para dali fazer um depósito de viaturas em fim de vida ou já sem vida alguma. Não compreendo como é que uma autarquia que, por um lado, promove o turismo com base na beleza e na riqueza natural da sua terra e com base na preservação dos locais que outrora serviram para o exercício das actividades produtivas, gastando milhares de euros na sua recuperação e reabilitação, por outro, permite a existência, junto às coisas que elege como ex-libris, de outras que ferem a paisagem e os olhos de quem nos visita.É arrepiante e entristecedor.