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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

ROMANCE EM POESIAS

Ou porque foi vítima de um acidente e esteve hospitalizado, ou porque esteve preso e encarcerado, ou porque algum amigo seu morria ou chegava do ultramar, tudo era motivo para escrever uma cantiga ou outra. Não esquecia aqueles que lhe faziam bem e os versos que lhes dedicava eram da sua autoria. Retratava aquilo que via, e descrevia as vivências de uma vida dedicada, na sua maior parte, à música e ao seu acordeão, quando os tempos eram de grandes privações e quando encontrar um animador era como encontrar uma grande fortuna, porque, acima de tudo, era ele que alegrava o coração e rejuvenescia a alma.

Entre "viras" e "marchas", entre "poesias" e "dedicatórias" lá foi passando para o papel aquilo que mais sentia nos momentos de grande tristeza ou de maior alegria. A (única) obra de sua autoria encontra-se reunida numa edição a que chamou "Os passos da minha vida", dactilografada e impressa por João Abrantes em 1985, e nela fui encontrar, em verso, a alma da gente simples e devota que não dispensa uma ida à romaria onde, invariavelmente, se dançavam e cantavam as músicas de António Soares Marques, cantador e tocador, como gostava de se identificar.

Nasceu a 10 de Março de 1919 em Pinheiro de Ázere, Santa Comba Dão, casando aos 25 anos com uma moça da povoação de Sobral, São Pedro de Alva. Hoje vive os dias que lhe restam em São Pedro de Alva no lar para idosos da Fundação Mário Cunha Brito. Se hoje fosse mais jovem, com toda a certeza acompanhava o Ruizito em divertidas e incansáveis garraiadas, às quais eu dificilmente faltaria.