Em 1986, José Saramago lança um dos seus romances mais conhecidos. Com "A Jangada de Pedra", o galardoado escritor "obriga" os dois Estados Ibéricos a coabitarem politica e socialmente e a fortificarem os seus laços de sangue, pois a Península tinha-se separado do resto da Europa, ficando à deriva no imenso Atlântico, não restando por isso, qualquer outra possibilidade, senão a coexistência pacífica.
Na sua mais recente visita a Espanha, O Nobel da Literatura insiste na ideia de que Portugal e Espanha se devem integrar num único país a que se deve dar o nome de Ibéria. Claro que a ideia não é nova, tem até séculos de existência e, lá no seu intímo, a nossa vizinha Espanha, sonha com essa união e não consegue "engolir" aquilo a que chama de "erro histórico". Até Mário Soares, em tempos, fez uma abordagem à realidade da Península Ibérica (Ibéria como lhe chamou) no contexto europeu.
As declarações de Saramago, provocaram, como não podia deixar de ser, as mais diversas reacções, levando até Manuel Alegre a exigir um pedido de desculpas ao povo português.
Seja como for, e segundo a opinião de alguns comentadores dos mais destacados meios de comunicação social europeus, "qualquer tentativa de unir Portugal e Espanha, é motivo de contestação" por parte dos lusitanos.
Quanto a mim, acho muito bem que os "nuestros hermanos" se mantenham "para lá das silvas", não que eu tenha algo de pessoal contra eles, mas só pelo simples facto de assim sempre ter sido.
Apenas me custa aceitar o superior nível de vida que eles têm em relação ao nosso e que, pelo andar da carruagem, vão continuar a tê-lo durante muitos mais anos, daí que, de vez em quando e com cada vez mais frequência, o povo português se detenha a imaginar essa (possível) realidade .