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segunda-feira, 16 de julho de 2007

DEMOCRACIA PODRE

As eleições autárquicas para a Câmara de Lisboa do passado domingo só vieram demonstrar, mais uma vez, que as pessoas estão cada vez mais afastadas dos partidos políticos e dos seus representantes.
Sem surpresas, o Partido Socialista foi o mais votado e, com (bastante) surpresa, o Partido Social-democrata foi o que teve os piores resultados de sempre, situação nada condizente com a sua posição de maior partido da oposição.
Os eleitores estão fartos de políticas sujas e de políticos incompetentes que apenas olham para o poder como forma de obter benefícios para si e para os que com eles andam em campanha eleitoral. Por essa via, apenas a força política mais bem organizada, com maior capacidade de mobilização dos seus militantes e com maior proximidade com o poder instalado é que melhores resultados obtém nas eleições a que concorrer.
De qualquer maneira, quem saiu, mais uma vez, vitoriosa deste acto eleitoral foi a abstenção, atingindo os quase 63% dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais. A este ritmo, qualquer dia não são necessárias eleições e os nossos governantes são escolhidos e eleitos por um grupo de notáveis a quem o país (ou parte dele) delegou essas competências por ser impossível eleger quem quer que seja através do sufrágio universal.
Só não compreendo porque motivo é que as pessoas, em vez de se absterem de decidir, não optam por votar em branco. Assim, mantinham saudável a democracia, não permitindo que outros decidissem por eles, e não corriam o risco de ficarem insatisfeitos com as decisões dos eleitos, legitimando as suas críticas por as políticas levadas a cabo pelos sucessivos governos não corresponderem às suas expectativas. Mais importante ainda, respeitavam a memória daqueles que deram a vida na luta pelo direito ao voto, quando votar era privilégio só de alguns e para alguns.
Não me espantaria, portanto, que daqui a uns tempos, votar fosse obrigatório e que, quem não o fizesse, perderia parte dos direitos que adquiriu em democracia, por não contribuir para a sustentabilidade (continuidade) do sistema em que o "governo é do povo, pelo povo e para o povo" e que só sobrevive com o voto.